A ALPA e o Pólo Siderúrgico do Pará: O Sonho se Esvaiu !! Parte 1

A ALPA e o Siderúrgico Pará: O nhse Esvaiu !! Parte 1


Nesta semana que vai terminando tive a oportunidade de encontrar com o competente Profº. Maurílio, ex secretário da SEDCT, onde trocamos não mais que uns três minutos de ‘prosa’ sobre a Vale, mas, ainda que curta, a conversa me fez pensar mais sobre o assunto. Daí, dado o “estalo”, resolvi escrever esse artigo para externar minha convicção de que, infelizmente, o pólo siderúrgico em Marabá deixou de ser uma realidade para voltar a ser um sonho distante para a sociedade paraense.

No artigo construo claros argumentos para demonstrar que a usina de aço da Vale, a ALPA, que seria a indústria motriz deste pólo, não mais será construída, pelo menos enquanto não houver um novo alinhamento de forças políticas no âmbito nacional e estadual, que convirjam para uma visão de mundo comum.

O artigo é relativamente extenso para uma postagem, por isso vou dividi-lo em duas postagens, pedindo a paciência e compreensão dos leitores.

1)    O PARÁ QUER SER GRANDE             

O estado do Pará sempre se ressentiu de sua condição de mero exportador de bens primários, com pouca agregação de valor e quase nenhuma verticalização da produção. Infelizmente essa realidade parece ainda estar longe de mudar, pois continuamos exportando gado em pé, madeira serrada, frutos e grãos, peixes e, principalmente minérios.

Com relação a atividade mineral, tivemos a esperança de que dias melhores estavam por vir com a esperada implantação do pólo siderúrgico e metal-mecânico na região sudeste do estado, muito festejado,  que inclusive chegou a ter suas obras iniciadas perante a presença do presidente Lula e da governadora Ana Júlia.

Ocorre que agora estamos diante da possibilidade concreta da perda dessa grande oportunidade histórica.

2)    A IMPORTÂNCIA DA ALPA

A Aços Laminados do Pará – ALPA, é uma empresa do grupo Vale, que produzirá(?) aço a partir de suas instalações no distrito industrial de Marabá, com a utilização das matérias-primas oriundas de suas minas exploradas na região sudeste do estado. Representa portanto uma nova etapa do processo produtivo, que é chamado na economia de verticalização.

Com esse processo de verticalização, a Vale deixaria de ser mera produtora de “buracos” ou gusas para se tornar produtora de aço, que ainda hoje é a forma de ferro mais demandada pela indústria mundial. Assim, a produção de aço tem o poder de atração de outras indústrias, que tem no aço a seu principal insumo, assim, via de regra, os estudos de localização industrial quase sempre apontam para a oportunidade estratégica de posicionamento perto do principal insumo, quando este é volumoso ou pesado, caso do aço.

Portanto, a estratégia de implantação da ALPA, está sedimentada na possibilidade de que ela, a ALPA, possa servir como indústria motriz para atração de outras empresas e, a partir disso, ocorra a formação de um grande pólo industrial na região sudeste do estado, capaz de irradiar efeitos sinérgicos na economia do Pará como um todo.

3)    A ALPA NÃO VEIO POR ACASO, ELA É UMA COMPENSAÇÃO ECONÔMICA

Cabe aqui ressaltar que a firmeza com que a ex governadora Ana Júlia e o ex presidente Lula impuseram à Vale a implantação da ALPA,  foi fruto do resgate de uma visão desenvolvimentista que havia se perdido para o estado.

Ou seja, quando da implantação dos grandes projetos na Amazônia, se pensava que estes poderiam atuar como alavancadores de um processo de verticalização produtiva, isto pautado nas teorias desenvolvimentistas da polarização e da capacidade de irradiação de indústrias motrizes e seus efeitos de derramamento econômico. Contudo, o que ocorreu na prática foi a implantação de projetos sem a capacidade de gerar sinergia com a economia local, o que ficou conhecido como modelo de enclaves. 

Esses enclaves foram se consolidando na medida em que após as implantações das suas etapas primárias, nas décadas de 70 e 80 o estado brasileiro perdeu a sua capacidade de financiamento do desenvolvimento e, posteriormente, já na década 90, houve o fortalecimento da agenda neoliberal no país, da consolidação do Estado Mínimo, o que culminou com o processo de privatização das empresas estatais, entre elas a Vale. A Vale privatizada passa então a se especializar apenas na produção das chamadas commodities minerais, sem verticalização, ancorada na desregulação econômica do estado tucano.     

Já no governo do PT, nos anos 2000, o presidente Lula abandona a agenda neoliberal e retoma a regulação do estado na atividade econômica, criando as condições necessárias para que o governo voltasse a intervir no financiamento do desenvolvimento das regiões. Foi nessa conjuntura, de mobilização pelo desenvolvimento, que a governadora Ana Júlia conseguiu sensibilizar o presidente Lula e colocar na pauta nacional a verticalização da economia mineral do Pará.

Fica claro que a vinda do projeto ALPA, não desejado pela Vale, se dá num ambiente de forte pressão governamental sobre a empresa, pautado numa lógica de indução do desenvolvimento regional e, sobretudo, na decisão política de proporcionar uma compensação econômica ao Pará, que além de mero exportador de minério, ainda teve o forte impacto da desoneração fiscal imposta pela chamada Lei Kandir, idealizada no governo tucano de FHC.

Vale destacar, que para tornar o projeto da ALPA viável economicamente e romper com as fortes resistências da Vale, tanto o governo estadual como o federal fizeram inúmeras intervenções de políticas públicas, que foram desde de investimentos em infraestrutura, como desapropriação de terras, priorização na aprovação das licenças ambientais, criação de leis de incentivos, entre outras.
Portanto, com Lula e Ana Júlia o projeto estava, de fato, em fase de implantação.



A ALPA e o Pólo Siderúrgico do Pará: O Sonho se Esvaiu !! Parte 2

A ALPA  Pólo Siderúrgico do Pa: O Sonho se Esvaiu !! Parte 

4)    O PARÁ NA CONTRA MÃO DA HISTÓRIA E A COMPLACÊNCIA DE JATENE COM A VALE

Com a vitoria de Jatene, o Pará se vê frente a uma reação da Vale, que passa a postergar os investimentos na ALPA, que já alongou o seu cronograma de implantação de 2014 para 2018, onde inclusive o seu plano de investimento não previu alocação de recursos no projeto em 2012.

A Vale vem justificando seu posicionamento, alegando que os governos federal e estadual não vem cumprindo com as suas etapas no cronograma. Do governo federal cobra a demora em assumir as obras de derrocamento do Pedral do Lourenço no Rio Tocantins, já do governo estadual aponta a insegurança causada pela demora na desapropriação de uma área da Fase III do distrito industrial.

O governo do Pará, agora conduzido por um ex consultor da Vale, adota uma postura dúbia, num primeiro momento de complacência com a empresa, “estendendo tapete vermelho” para que o presidente da Vale viesse ao estado dizer que o atraso das obras era culpa do próprio governo do Pará e do governo federal. O governador Jatene, para fazer média, arma um palanque para tentar impor à presidenta Dilma o desgaste da decisão da Vale de paralisar a implantação da ALPA.

Contudo, num outro movimento extremamente equivocado, o governador estabelece a cobrança de uma tarifa sobre a atividade mineradora que impacta diretamente a implantação do projeto, o que representa aumentar os custos de produção da empresa para atuar no estado, exatamente no momento em que o mercado de aço no mundo está em baixa. Um grande contrassenso.  

Ora, enquanto Lula e Ana Júlia tentaram viabilizar a operação de implantação do pólo siderúrgico e metal-mecânico numa região periférica, onde reconhecidamente os custos operacionais das empresas são maiores, Jatene, ao contrário, aumenta a tributação sobre a atividade no estado, mesmo sabendo que a medida atingiria em cheio a decisão de implantação da empresa.

Portanto, fica evidente que o governador Jatene está estimulando a Vale a desistir da implantação da ALPA e o que parece mais evidente ainda é que o governador fez uma opção concreta pela não criação do pólo industrial, desde que a Vale pague pelo minério bruto extraído do solo paraense. Ou seja, Jatene preferiu um arranjo imediatista para arrecadar mais e mais rápido, do que o estímulo ao desenvolvimento do estado.

5)    O MERCADO DE AÇO ESTÁ ESTAGNADO

Com a crise econômica que vem assolando o mundo desde 2008 e que continua impondo fraca recuperação à economia americana e recessão das economias dos países da zona do Euro, o mercado mundial de aço vem experimentando uma grande estagnação, com o volume de produção mundial estagnado aos níveis de 2007. Enquanto isso, o minério de ferro, que tem como principal demandante a China, continua em franca expansão, inclusive com os preços pagos pela tonelada variando positivamente mais de 150% nos últimos três anos.

Ou seja, em quanto o mercado de aço patina, o de minério de ferro vai muito bem. Portanto, na lógica privada, é evidente que o momento é de segurar os investimentos na implantação de unidades industriais de aço e concentrar esforços na ampliação da produção de minério de ferro. Não nos esqueçamos de que a Vale é uma empresa de capital aberto, cuja suas decisões estratégicas impactam diretamente na capacidade de aportar recursos no mercado financeiro.

Isto posto, o “mercado” vem pressionando a empresa a desistir do projeto, por conta de uma avaliação de conjuntura desfavorável ao aço, com reflexos nos preço e, obviamente, nos lucros da empresa, alegando que, na lógica privada dos acionistas, não há razão para investir em siderurgia.

6)    SÓ A POLÍTICA TRARÁ A ALPA DE VOLTA

A conclusão deste artigo é que assim como foi a política que trouxe a ALPA para o Pará, é ela também que está levando embora e, evidentemente, só ela terá condições de trazê-la de volta. Afirmo isso com convicção, pois, basta olhar os ciclos políticos para percebermos que a indução ao desenvolvimento não é mera obra do acaso, ela perpassa por ações de políticas públicas que dependem fundamentalmente do alinhamento político entre o governo federal e o governo estadual.

Nesse sentido vejamos o seguinte:

No primeiro ciclo político, onde tivemos o PSDB governando o Brasil e o Pará, vivemos a era da “Privataria Tucana”, onde a Vale foi privatizada e os interesses da empresa passaram a vigorar apenas pela ótica privada, sem que o estado pudesse intervir em suas decisões.

Já num segundo momento, tivemos o PT governando o Brasil com Lula e o PSDB governando o Pará com Jatene, esse ciclo se notabilizou pela inoperância do governo estadual, onde o Brasil avançou e o Pará ficou para trás, estagnado.

Posteriormente, o PT reelegeu Lula no Brasil e elegeu Ana Júlia no Pará. Nesse ciclo o Pará viu o sonho da verticalização mineral se tornar realidade com a vinda da ALPA. Porém todos sabem que não foi fácil, a governadora precisou ter muita persistência para colocar a pauta da verticalização mineral do Pará na agenda nacional do desenvolvimento do Brasil. Por outro lado, o presidente Lula tinha também a convicção de que precisaria exercer uma forte pressão sobre a Vale, e ele o fez, porque a visão desenvolvimentista de Lula e Ana Júlia convergiram para a necessidade de se levar o desenvolvimento para as regiões ultraperiféricas do país.

Contudo, nesse momento, estamos novamente numa relação distante entre as visões de mundo do governo federal, com a presidenta Dilma do PT e do governo Jatene do PSDB. Enquanto a presidenta Dilma quer impor à Vale maior participação e protagonismo na estratégia de desenvolvimento do país, o governador Jatene, como vimos, não tem interesse em criar essas condições. Ou seja, Dilma pensa em desenvolvimento, Jatene pensa em arrecadação.

Portanto, projetando pra frente essa dinâmica dos ciclos políticos, percebemos que, a se manter para o período 2014/2018 a mesma correlação que se encontra hoje, podemos dar adeus ao pólo siderúrgico de Marabá. Da mesma forma, se ocorresse um novo alinhamento político do governo federal e estadual em torno dos tucanos, certamente a ALPA também deixaria de ser implantada, haja vista que a relação dos governos tucanos com as empresas privadas é de não intervenção, por suas crenças no Estado Mínimo.

Assim sendo, somente o alinhamento político entre governos com visão desenvolvimentista, como ocorreu no período Lula e Ana Júlia, será capaz de reverter esse quadro de perda da ALPA. O sonho se esvaiu !! 




Debate MP 564: O Financiamento do Desenvolvimento da Amazônia



 

Debate MP 564: O Financiamento do Desenvolvimento da Amazônia

Tramita no Congresso Nacional duas medidas provisórias com o objetivo de fortalecer a indústria nacional. Uma delas, a MP 564, no entanto, cria um dispositivo que pode prejudicar os sistemas de financiamento do desenvolvimento regional das regiões Norte e Nordeste: ela retira a exclusividade do Banco da Amazônia (Basa) e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) nas operações dos fundos de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e do Nordeste (FDNE).

Ministério Público Estadual vai apertar o cerco aos contratos da Delta Construções com o Governo do Pará.

Promotores apertam o cerco à Delta Construções no Pará. Edmilson Rodrigues pede inclusão de contratos na CPMI de Cachoeira. Perereca localiza aditivo de R$ 750 mil da Polícia Civil. E novos contratos da Segup e da Defensoria Pública somam quase R$ 370 mil.


Carlinhos Cachoeira: negócios milionários da Delta também no Pará


O Ministério Público Estadual vai apertar o cerco aos contratos da Delta Construções com o Governo do Pará.

Ontem (14), o promotor militar Armando Brasil disse à Perereca da Vizinha que ele e o promotor de Direitos Constitucionais e Patrimônio Público Nelson Medrado tomarão “medidas mais eficazes, mais esclarecedoras” na investigação desses contratos.

Brasil não quis adiantar, no entanto, se tais medidas incluirão, por exemplo, pedidos judiciais para a busca e apreensão de documentos ou para a quebra de sigilo telefônico e fiscal.

“Vamos tomar algumas medidas para checar a legalidade desses contratos. Estamos tomando providências que decidimos na última sexta-feira, mas ainda não posso adiantar nada sobre isso”, disse ele.

O promotor chegou a anunciar ao blog, em 18 de abril, a intenção de instaurar um inquérito civil público, para investigar especificamente o contrato da Delta com a Polícia Militar.

Mas, depois de conversar com Medrado, resolveu que o melhor seria que atuassem em conjunto na investigação que já se encontrava aberta nas Promotorias de Direitos Constitucionais e Patrimônio Público. “Isso evita duas investigações paralelas e poupa tempo”, explicou Brasil.

O Procedimento Administrativo que tramita nas Promotorias de Direitos Constitucionais e Patrimônio Público foi aberto a partir do pedido de um funcionário do Ministério Público do Amapá, José Francisco de Oliveira Teixeira.

Ele encaminhou denúncia diretamente ao Procurador Geral de Justiça do Pará, requerendo “as providências cabíveis” diante das reportagens da Perereca sobre os contratos da Delta com os órgãos estaduais de segurança pública, e o Pregão realizado pela Segup que embasou essas contratações.

Leia aqui o que já foi publicado pelo blog sobre os contratos da Delta Construções com o Governo do Pará:

21 de novembro de 2011 - Indícios de fraude no Pregão da Segup que beneficiou Delta Construções com um contrato de R$ 14 milhões com a PM do Pará.http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/11/indicios-de-fraude-no-pregao-da-segup.html

23 de novembro de 2011- Carros antigos alugados pela Delta à PM continuariam a circular em Belém.
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/11/carros-antigos-alugados-pela-delta.html

24 de novembro de 2011 - Jatene derrama dinheiro na Delta Construções. Contratos com Sistema de Segurança Pública somam mais de R$ 22 milhões. Novo contrato da PM é maior que no governo petista e é possível que dois contratos estejam em vigor.
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/11/extra-extra-jatene-derrama-dinheiro-na.html

25 de novembro de 2011 - Segup garante que governo economizou dinheiro com novo contrato entre a PM e a Delta Construções. Mas admite que contrato antigo continua em vigor.
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/11/segup-garante-que-governo-economizou.html

29 de novembro de 2011- Pregão da Segup vira caso de polícia: acusada de irregularidades em vários pontos do país, Delta Construções poderá faturar até R$ 83 milhões dos cofres públicos paraenses.
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/11/pregao-da-segup-vira-caso-de-policia.html

1 de dezembro de 2011 – Cidadão denuncia e o xerife entra em campo: Ministério Público vai investigar Pregão da Segup que pode render à Delta Construções quase R$ 83 milhões dos cofres públicos do Pará.
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/12/cidadao-denuncia-e-o-xerife-entra-em.html

7 de dezembro de 2011 – O escandaloso Pregão da Segup: aluguel de veículos para o Sistema de Segurança Pública do Pará consumirá, em três anos, R$ 56 milhões a mais do que a compra de viaturas. E preços da Delta Construções no Mato Grosso são bem menores do que no Pará.
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/12/o-escandaloso-pregao-da-segup-aluguel.html

3 de abril de 2012 - Parla, Demóstenes, parla!...
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2012/04/parla-demostenes-parla.html

16 de abril de 2012 – PM turbina contrato com a Delta Construções em mais de R$ 3,5 milhões. Contrato passa a valer mais de R$ 17,6 milhões para apenas 12 meses. É muito mais do que era pago à empresa na gestão petista. Delta está enrolada até o pescoço no escândalo do contraventor Carlinhos Cachoeira.
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2012/04/pm-turbina-contrato-com-delta.html

18 de abril de 2012 – Ministério Público Militar instaura inquérito civil público para investigar novo contrato da Delta Construções com a PM do Pará. Promotores vão reunir semana que vem para traçar estratégia de ação. Aditivo elevou valor global do contrato para mais de R$ 17,6 milhões.
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2012/04/ministerio-publico-militar-instaura.html

9 de maio de 2012 – Jatene debaixo de bala: deputado Edmilson Rodrigues pedirá que contratos da Delta Construções com o Governo do Pará também sejam investigados pela CPMI de Carlinhos Cachoeira.
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2012/05/extra-extra-jatene-debaixo-de-bala.html

Documentos já estão no MP

A Segup já encaminhou a Medrado todos os documentos do Pregão 003/2011, realizado em sistema de registro de preços, em 11 de maio do ano passado, para o aluguel de viaturas ao sistema de segurança pública, e que teve como grande beneficiária a Delta Construções.

Mas da papelada, comenta Brasil, já surgiu uma dúvida: esse registro de preços da Segup poderia ter sido usado, de fato, como base legal para os contratos entre a Delta e os diversos órgãos de segurança pública do Pará?

“Aí é que está o problema: eles fizeram um registro de preços, e daí a contratação, e nós estamos analisando se isso é legal ou não “ – diz o promotor – “Para a Segup mesmo só foram locados uns quatro carros. Além disso, a ata (de registro de preços) permite que outros órgãos tenham autonomia para contratar quantos carros quiserem”.

E observa: “Eu nunca tinha visto isso em todos os meus anos de profissão. É, de fato, um caso muito complexo. Não quero dizer que é legal ou ilegal. O que estou dizendo é que nunca tinha visto”.

O MP já solicitou à Auditoria Geral do Estado (AGE) uma auditagem desse Pregão, mas, pelo menos até a última sexta-feira, ainda não havia recebido qualquer resposta.

Além disso, é possível que os promotores solicitem informações à Controladoria Geral da União (CGU), que está passando um pente-fino nos contratos da Delta em diversos pontos do país.

Hoje, o deputado estadual Edmilson Rodrigues, do PSOL, deve se pronunciar na Assembleia Legislativa sobre os contratos da Delta Construções com o Governo do Pará.

Após o pronunciamento, ele encaminhará ofício ao senador Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá, pedindo que esses contratos também sejam investigados pela CPMI de Carlinhos Cachoeira.

Segundo a Polícia Federal, a Delta Construções teria sido usada para lavagem de dinheiro pela Organização Criminosa do contraventor.

Vários governadores (e, em tese, também Jatene) podem ser chamados à CPMI, para explicar contratos mantidos com a Delta, que é acusada, também, de uma profusão de irregularidades, inclusive fraudes licitatórias, em diversos pontos do país.

Leia a reportagem sobre o pedido de Edmilson:http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2012/05/extra-extra-jatene-debaixo-de-bala.html

Jatene contra-ataca

Nas últimas semanas, talvez em decorrência do cerco que se fecha nacionalmente sobre a Delta, o Governo Jatene resolveu contra-atacar.

Em nota divulgada em jornais e blogs, a Secretaria de Comunicação e a agência de propaganda do Governo afirmam que o novo contrato da Delta para a locação de viaturas à PM possibilitou uma economia aos cofres públicos, uma vez que o preço unitário de locação desses carros seria inferior ao do contrato anterior, firmado na gestão petista.

Ocorre que, como você já leu aqui, o novo contrato de aluguel de carros à PM, firmado no Governo Jatene, é, na verdade, muito maior que o anterior.

No contrato antigo, esse aluguel ficava em R$ 20 milhões para dois anos, ou R$ 10 milhões por ano.

Já no novo contrato, o aluguel ficou, inicialmente, em mais de R$ 14 milhões por ano.

No entanto, um aditivo de preço de R$ 3,5 milhões, publicado no Diário Oficial do último 16 de abril, elevou esse custo de locação para até R$ 17,6 milhões anuais.

Quer dizer: em termos globais, o novo contrato da PM com a Delta supera em mais de 70% o contrato anterior.

Além disso, nessa mesma nota, a Secretaria de Comunicação e a agência de propaganda do Governo afirmam que o antigo contrato da PM acabou, quando entrou em vigor o novo contrato – o que também não é verdade.

Em um release (uma reportagem de assessoria de imprensa), enviado a este blog em novembro do ano passado, pela mesmíssima Secretaria de Comunicação do Governo do Estado, o secretário adjunto da Segup, Cláudio da Costa Lima, admitiu que o antigo contrato da PM ainda continuava em vigor – apesar de o novo contrato já ter sido assinado, naquela época, há mais de quatro meses.

Disse Cláudio da Costa Lima, à certa altura, segundo o release enviado pela Secretaria de Comunicação: “O contrato anterior, assinado na gestão da ex-governadora Ana Júlia ainda continua em vigência. Cancelá-lo representaria retirar imediatamente das ruas, de uma vez só, todos os mais de 400 veículos locados pelo Sistema de Segurança. Uma coisa impossível de se fazer, porque inviabilizaria o policiamento na capital e no interior”.

A íntegra está aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/11/segup-garante-que-governo-economizou.html .

Mas, para que não restem dúvidas quanto à existência desse release, o blog desencafuou no arquivo de email a cópia dele.

Está aqui. Clique nos quadrinhos abaixo para ampliar:




Ou seja: estavam em vigor dois contratos paralelos, com o mesmíssimo objeto – a locação de carros à PM. O contrato antigo, de número 34/2010, e o contrato novo, de número 28-011 (ou 28/11).

E mais: essa situação (a vigência de dois contratos paralelos com o mesmo objeto) perdurou até março deste ano.

Pelo menos é isso o que se depreende de duas Notas de Empenho (NEs) localizadas pela Perereca no portal Transparência Pará, que registra todos os gastos do Governo.

As Notas de Empenho têm os números 00535 e 00537.

A primeira se refere ao contrato 28/11, ou seja, o novo contrato.

A segunda se refere ao contrato 34/2010, ou seja, o contrato antigo.

Ambas, conforme as Ordens Bancárias (OBs) que registram, foram pagas em 08 de março deste ano.

E mais: como você já leu aqui em matéria anterior (http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/11/extra-extra-jatene-derrama-dinheiro-na.html), nas Notas de Empenho referentes ao antigo contrato, aquele de número 34/2010, a PM paga veículos que só vieram a ser locados pelo novo contrato, ou seja, o de número 28/11.

Como? Não me pergunte. Mas veja aqui.

Os dois primeiros quadrinhos (clique em cima deles para ampliar) são da Nota de Empenho 00535, referente ao contrato 28/11, o novo contrato:





E abaixo, também dividida em dois quadrinhos, a Nota de Empenho 00537, referente ao antigo contrato, o de número 34/2010.

Repare que os carros listados nessa Nota de Empenho são pick-ups, com rastreadores, sinalizadores etc, muito diferentes, portanto, dos pálios verdadeiramente locados no contrato 34/2010:




Aditivo da PC e contratos da Segup e da Defensoria

Além do aditivo de R$ 3,5 milhões ao contrato da Delta com a PM, o blog também localizou um aditivo superior a R$ 750 mil ao contrato da Delta com a Polícia Civil, firmado em 2 de setembro do ano passado.

O contrato entre a Polícia Civil e a Delta tinha o valor original de mais de R$ 4,4 milhões, para 12 meses (Leia aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2011/11/extra-extra-jatene-derrama-dinheiro-na.html).

Mas com esse aditivo de quase 17%, já alcança cerca de R$ 5,2 milhões.

Veja aqui, no Diário Oficial de 22 de janeiro deste ano:



Além disso, a Segup, que já mantinha com a Delta dois contratos (31-11 e 21-11), que somavam pouco mais de R$ 97 mil, firmou um novo contrato com a empresa, no valor de quase R$ 152 mil.

Ele está publicado no Diário Oficial de 26 de março deste ano, na página 8 do caderno 1. Veja aqui:



E mais: também a Defensoria Pública firmou contrato com a Delta, para a locação de veículos.

Ele tem o valor de R$ 216 mil para um ano e está publicado no Diário Oficial do último dia 28 de março, página 6 do caderno 1.

Confira nos dois quadrinhos abaixo:




Postado por Ana Célia Pinheiro

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