Puxão de orelha

O ministro Alexandre Padilha esteve neste sábado (15/01) em Belém em visita oficial.

Segundo uma fonte, ele abriu um espaço em sua agenda para dar uma ‘’puxão de orelha’’ em alguns petista mais ‘’afoitos’’, que andam espalhando pelo interior do Estado que ele seria o candidato à governador pelo PT no próximo pleito estadual e que a ex-governadora Ana Júlia é ‘’carta fora do baralho’’.

Provavelmente o ministro deve ter falado na Unidade e na Luta do partido e que Ana Júlia ainda é a petista no Estado com maior cacife eleitoral. O ministro é paulista

 

derrota do PT no Pará: de quem é a culpa?

PERE PETIT

Em 2006 elegemos a primeira governadora do Estado do Pará, a petista Ana Júlia Carepa, que liderou a vitoriosa Frente Popular Muda Pará. Essa vitória representou a mais importante conquista do PT no nosso Estado ao liquidar o domínio tucano-pefelista (PSDB-DEM), que durante os seus doze anos no governo destruíram as finanças públicas, pioraram o sistema público de saúde, segurança e educação, além de sucatear, para depois privatizar, a rede pública de energia (Celpa), defenderam os interesses dos madeireiros, do agronégocio e perseguiram os movimentos sociais que lutam pela reforma agrária e as reformas urbanas.
Nossa vitória nas urnas gerou uma grande expectativa na maioria da população paraense, pois governamos exitosamente a capital do Estado, Belém, por oito anos (1997-2004). Governamos o Brasil desde 2003 e iríamos governar o Pará, um dos Estados mais ricos (em recursos naturais) e ao mesmo tempo mais pobres e desiguais da federação.
Chegamos às eleições de 2010 com a esperança da vitória de Dilma para suceder Lula, e o medo de perder o governo estadual para o PSDB por culpa dos altos índices de rejeição que tinha Ana Júlia entre a maioria dos eleitores, especialmente na Região Metropolitana de Belém. Esses temores se confirmaram já no primeiro turno, quando Simão Jatene chegou perto de conseguir 50% dos votos validos e superou Ana Júlia em mais 450 mil votos com uma diferença percentual, ao seu favor, de 13% dos votos válidos. No final, segundo turno, Simão Jatene foi eleito governador ao obter 1.860.799 (55,74%) e Ana Júlia 1.477.609 (44,26%).
Apesar do crescimento no número total de eleitores, Ana Júlia obteve, no segundo turno de 2010, 200 mil votos a menos do que os logrados em 2006, sendo derrotada a sua candidatura na maioria dos municípios paraenses, entre eles Belém e Ananindeua, e também em dois dos principais municípios administrados por petistas: Santarém e Parauapebas.
As derrotas das candidaturas petistas ao governo estadual e ao Senado com Paulo Rocha, a vitória de Serra em Belém e em importantes municípios administrados pelo PT, ainda que Dilma fosse a mais votada no Pará, obriga ao conjunto do partido que reflita sobre as causas internas (atuação do partido e do governo, política de alianças, “marketing eleitoral”), e externas (aliados e opositores) dessas derrotas, pois apesar de ter ampliado o número de deputados federais (3 para 4) e deputados estaduais (6 para 8), esse acréscimo também foi preocupante porque foi logrado, em parte ou em grande medida, a um custo ético-político muito preocupante.
Não podemos deixar de lamentar que o Pará fosse o único estado no qual o PT não conseguiu reeleger o seu governo. Certamente isso não foi por méritos exclusivos dos opositores ao governo petista, pois a direita entrou nas eleições com menos recursos e dividida (briga entre Jatene e Almir pelo controle do PSDB e pela escolha do candidato ao governo); as principais lideranças do DEM no estado deixaram em 2010 o “mundo da política” não participando do processo eleitoral; o PMDB, após a ruptura com Ana Júlia, apresentou um candidato a governador para ser derrotado com o intuito de negociar depois no segundo turno, com o provável vencedor espaços no futuro governo além de outras benesses.

Avaliando a atuação da DS no governo
A seguir, vamos resumir algumas das causas que talvez nos ajudem a entender a derrota eleitoral de Ana Júlia e do PT no Pará em 2010, às quais poderiam ser unificadas em três blocos: a) análise da ação de governo; b) relação da cúpula do governo com o PT (e grupos e militantes petistas) e relações com os partidos aliados; c) estratégia eleitoral.
Considero, em primeiro lugar, que a derrota manifestou a falta de orientação estratégica do governo liderado por Ana Júlia e a cúpula da DS para tentar imprimir uma feição democrático-popular ao governo estadual, fazendo apenas tímidas mudanças para reverter a situação de extrema miséria em que vive boa parte da população paraense e escassas melhoras na saúde e na educação pública.
Essa falta de orientação estratégica e, portanto, de uma definição precisa de metas e prioridades acabou favorecendo que muitas secretarias atuassem quase que autonomamente, orientando muitas das suas ações a preparar a campanha eleitorais dos seus responsáveis e dos seus “padrinhos políticos” mas que atender as demandas das regiões, municípios e da maioria da população.
A idéia de avançar na criação de uma nova base socioeconômica no Pará baseada na transformação de matérias-primas no próprio Estado não teve quase nenhum impacto real na vida dos paraenses nos últimos quatro anos. Os avanços na área ambiental alcançados nos dois primeiros anos foram gradativamente perdidos pelos interesses eleitoreiros de setores do governo.
A relação com os movimentos sociais foi, no geral, de cooptação e/ou de repressão. Essa foi a relação que se manteve, por exemplo, com os movimentos sociais e sindicatos mais ativos como o Sintepp e o MST.
A política de comunicação do governo estadual foi um desastre e a maioria da população ficou desconhecendo o que estava fazendo de “bom” e diferente dos governos do PSDB-DEM (por exemplo: melhoras na segurança pública; Bolsa Trabalho para cerca de 70 mil jovens; milhares de postos de tra-balho criados através de concurso público; descentralização administrativa; melhora dos salários dos servidores públicos), entretanto a mídia nacional e local e os partidos a oposição e futuros ex-aliados (PMDB, sobretudo), não perdiam nenhuma chance em aproveitar as falhas de gestão do governo para ir criando a idéia de um governo inoperante, corrupto, sem “obras para mostrar”, que “perdeu para Manaus ser sede da Copa do Mundo de Futebol”, que a sua polícia “agride professores em greve”, permitindo que fosse criando no imaginário de muitas pessoas a idéia de “Ana Júlia nunca mais”.
As principais lideranças da tendência Democracia Socialista (DS) utilizaram e abusaram do uso da máquina administrativa para tentar se consolidar como “grupo no poder” e favorecer, assim, seus próprios interesses político-eleitorais em detrimento dos interesses do conjunto do partido e das forças políticas e organizações sociais que apoiaram a eleição de Ana Júlia em 2006.

Objetivos menores
Se Lula e o PT nacional tiveram como eixo da sua política de alianças o objetivo central de eleger Dilma presidenta, aqui no Pará a cúpula do governo parecia que tinha como eixo da sua estratégia político-eleitoral eleger um deputado federal e outro estadual para a DS, esperando que o troca-troca, os milhões a serem gastos na campanha, as “formiguinhas” e o maior tempo na TV e rádio fossem capazes de reverter a rejeição de Ana Júlia e derrotar Simão Jatene. “Perderam o governo”, mas, pelo menos (!!!), esse objetivo foi logrado e hoje a DS tem, pela primeira vez no Pará, dois deputados: um federal (Puty, ex-Chefe da Casa Civil) e um estadual (Edilson Moura, ex-Secretario de Cultura).
No percurso, acabaram com a aliança com o PMDB e deixaram a maioria dos petistas muito preocupados com a expectativa de manter por mais quatro anos no governo um grupo de pessoas que pretendem (ou pretendiam) transformar o PT numa mera sigla eleitoral e seus militantes em cabos eleitorais, tentando ampliar a sua influência no partido (na ausência de um projeto coletivo político-ideológico que unificasse seus militantes e simpatizantes), através de nomeações de cargos no governo e apoios eleitorais atuais ou futuros. Sem esquecer que essas estratégias e práticas tradicionais dos partidos de direita, estão se tornando cada vez mais habituais no seio do PT e em outros partidos de esquerda, inclusive entre alguns ex-petistas paraenses que migraram para o PSOL.
Mas não foram apenas os de “fora” que tiveram que sofrer ou suportar o tratamento dispensado pelo comando da DS no governo. Membros da sua tendência que não compartilharam a estratégia de eleger os seus dois deputados definidos como prioritários foram sendo progressivamente afastados do governo (entre eles, Carlos Guedes, Charles Alcântara e Edilza Fontes).
Um exemplo paradigmático da nefasta relação da cúpula do governo com as outras correntes petistas e partidos formalmente aliados foi o apoio da DS e da estrutura do governo estadual à reeleição, em 2008, do prefeito de Belém, Duciomar Costa (PTB), histórico antipetista, que disputou, entre outros, com o candidato do PT, Mário Cardoso. No segundo turno, derrotado o petista, a DS ajudou a derrotar o candidato Priante (PMDB), e o desacreditado Duciomar Costa foi reeleito. Priante daria o troco em 2010 apoiando no segundo turno a Simão Jatene.
A estratégia eleitoral da CNB (Construindo um Novo Brasil), corrente que hegemoniza a direção estadual do PT no Pará, tampouco deveria ser seguida pelos nossos futuros candidatos. Primeiro, ao impedir que o PT escolhesse dois candidatos ao Senado quando ainda existiam muitas dúvidas a respeito da aplicação da Lei da Ficha Limpa que afetaria a candidatura de Paulo Rocha. Depois, chamando as petistas a fazerem “dobradinha” com Jader Barbalho, dobradinha que não foi correspondida e Jader ficou em segundo lugar na frente de Paulo Rocha. As tendências da CNB, não muito diferente das atitudes pragmáticas e práticas da DS, defenderam a reeleição de Ana Júlia e optaram por ficar com a suas Secretarias e espaços no governo estadual para apoiar aos seus candidatos a deputado federal e estadual.
A derrota do governo liderado por Ana Júlia é, sem dúvida, um grande passo atrás para os interesses da maioria do povo paraense, pois o PSDB governará, mais uma vez, em favor dos interesses dos grupos economicamente dominantes do estado. Corresponde agora, aos militantes do PT, às direções do partido, aos seus deputados, prefeitos e vereadores a organizar a oposição de esquerda ao governo conservador liderado pelo Jatene e ao desacreditado prefeito de Belém, Duciomar Costa.
Para obter êxito nesta caminhada é fundamental renovar ética e politicamente o PT e recuperar o caráter estratégico e coletivo da atuação do nosso partido, em detrimento, portanto, dos interesses individuais ou eleitorais de determinadas lideranças petistas que hoje controlam o partido ou controlaram a ação político-eleitoral do governo de Ana Júlia. Sem uma mudança de rumo, sem fortalecer a nossa atuação nas escolas e universidades, nos movimentos sociais e sindicatos do campo e da cidade, corremos sérios riscos de ver diminuída a nossa força eleitoral no Pará nas eleições municipais de 2012, pondo em risco, portanto, as nossas chances de derrotar à direita, junto com os nossos aliados, nas eleições de 2014.

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PERE PETIT é historiador (professor da UFPA) e membro da Direção Nacional e estadual da AE-Pará

Eletronorte para Paulo Rocha?

Até agora, petistas estão com a mais firme esperança de que o deputado federal Paulo Rocha, candidato do PT que não se elegeu senador, seja brindado com um cargo federal.
Sabem qual?
O de presidente da Eletronorte.
Mas uma estatal desse porte não seria muita farinha para o pirão de Paulo Rocha?
Os petistas que torcem por ele acham que não.
Ao contrário, estão convictos de que um cargo de relevância como esse seria o mínimo que o governo Dilma Rousseff poderia fazer para compensar Paulo Rocha por sua derrota nas eleições de outubro passado.
A compensação, sustentam os que torcem por Paulo Rocha, seria mais do que justificável porque, mesmo perdendo, o então candidato ao Senado alcançou a expressiva soma de 1.777.376 de votos.
Há, todavia, um obstáculo posto bem no meio - mas bem no meio mesmo - do caminho de Paulo Rocha: a sua condição de réu no processo do mensalão, que tramita no Supremo Tribunal Federal.
Vários petistas reconhecem que, pelo menos neste início de governo, Dilma Rousseff não se arvoraria a deixar uma estatal do porte da Eletronorte sob o comando de um dos réus do mensalão.
De qualquer forma, Paulo Rocha está no páreo.
Se não for para a Eletronorte, vai para algum outro cargo federal.
A conferir. 
 
 

Mensagem ao Partido.

Segue em anexo o texto da Mensagem ao Partido (DS+Rede+13socialista+solidariedade) para o processo de avaliação de nossa derrota eleitoral e perspectivas para o futuro do PT no Pará.

Setores sectários insistirão em fazer o balanço que mais interessa ao PSDB: o que divide e enfraquece o partido e não aquele que tira lições e aponta rumos para a oposição aos Tucanos.

Façamos um debate na política. Sem baixaria.

Claudio

Mensagem ao Partido

A vitória de Ana Julia de 2006 representou a materialização de muitos anos de acúmulo de forças do campo democrático-popular na oposição aos governos conservadores de nosso estado, que aqui implementaram um modelo de desenvolvimento excludente, seja pela ação direta ou pela omissão frente a inserção passiva do estado do Pará na federação.

A conquista do governo abriu a possibilidade de afirmação de um novo modelo de desenvolvimento em nosso estado, a partir do fomento a atividades econômicas mais complexas, que utilizassem de forma mais elaborada nossos recursos naturais e que permitissem a criação de novas oportunidades de emprego e renda a partir do combate à precariedade, à destruição ambiental e à ilegalidade.

Uma correlação de forças favorável ao campo popular também criou condições inéditas para a democratização do Estado e para o fortalecimento da participação popular, seja através de formas coletivas de planejamento econômico ou através dos mecanismos de controle social da gestão pública, por meio de conselhos e conferências temáticas.

Apesar de termos governado para muitos, a partir dos interesses das maiorias. Apesar das mudanças significativas que iniciamos no estado e da eleição da maior bancada parlamentar da história de nosso partido, a não reeleição de nossa governadora e a não eleição de um senador é a demonstração de um revés que exigirá um balanço profundo.

De antemão, queremos conclamar os companheiros e companheiras a fazermos um debate politizado, que não resvale para a fulanização da crítica e para a busca fácil de culpados, pois isto só interessa aos nossos adversários da direita. Ao futuro do PT no estado, interessa um balanço que nos permita aprender com nossos erros sim, mas, que ao mesmo tempo, defenda os avanços da nossa experiência de governo e construa a unidade interna para realizarmos a necessária oposição ao projeto excludente capitaneado pelo PSDB.

Um revés político

Não obstante os avanços, era claro, desde 2006, que a vitória do PT e seus aliados foi facilitada pela divisão das forças conservadoras de nosso estado, representados pelo PMDB e pelo PSDB.

O PSDB representava, e ainda hoje representa, o partido orgânico dos setores e interesses hegemônicos da burguesia em nosso estado: da elite rentista de Belém, ao latifúndio e agronegócio da fronteira.

Já o PMDB, aglomerado político sedimentado a partir do controle partidário e empresarial de sua maior liderança, o ex-governador Jader Barbalho, representou historicamente frações marginais das elites, que têm na máquina burocrática do Estado sua principal fonte de reprodução, seja no parlamento, prefeituras, conselhos de tribunais, polícia, cargos federais e estaduais.

A conseqüência política de tal avaliação do processo eleitoral de 2006 apontava dois caminhos, não necessariamente excludentes, para que o governo Ana Julia pudesse garantir governabilidade e a execução de um programa de mudanças à altura das expectativas do eleitorado:

a) o fortalecimento do chamado campo democrático e popular, com uma forte articulação com os movimentos sociais organizados e com a sociedade civil a partir de formas participativas de governança,

b) o estabelecimento de alianças partidárias estáveis com o setor menos dinâmico das elites estaduais, representado particularmente pelo PMDB.

Enfim, de um lado deveríamos articular uma consistente unidade da esquerda social e partidária e de outro não poupar esforços para que os setores das elites continuassem divididos, cindidos em suas disputas políticas e empresariais, como voltamos a assistir no caso dos principais grupos de comunicação do estado.

A derrota da candidatura ao governo se dá à medida que esse dois elementos organizadores de nossa estratégia são abandonados, por contradições no governo e na sua base de esquerda e porque a direita se reunificou ao redor da candidatura de Simão Jatene.

A Reunificação das Elites

Nosso governo esteve sobre forte ataque das elites desde os seus primeiros dias. Nossos inimigos nunca esqueceram o que representava a eleição da primeira mulher, à frente de um governo de esquerda em um estado marcado historicamente pela violência do latifúndio e do patrimonialismo.

Ao retomarmos as torres da Funtelpa, redimensionarmos os contratos de comunicação com grupos associados ao governo anterior sofremos intenso ataque midiático que ultrapassou os limites de nosso estado.

Por outro lado, os meios de comunicação dos supostos aliados sempre tiveram postura ambígua, de desgaste lento e gradual da imagem do governo, principalmente na área da segurança pública, uma das áreas de maior investimento em quatro anos de governo.

Os ataques não eram despropositados, já que seus autores sentiam diariamente, na perda de espaço institucional e acesso a recursos públicos, além da contrariedade de seus interesses econômicos que nosso governo era diferente: nas ações de fiscalização das guseiras de Marabá que utilizavam floresta primária e trabalho escravo na sua cadeia produtiva, no combate à grilagem e na abertura de processos para cancelamento de títulos de terra de origem duvidosa, no diálogo, respeito e não criminalização dos movimentos sociais do campo. Como resposta, a admissibilidade do pedido de intervenção no estado do Pará pelo suposto não cumprimento de mandatos de reintegração de posse, que, ironicamente, estavam sendo cumpridos em número maior que no governo Jatene.

A inconstância na estratégia e a corrosão da base do governo

Frente a uma oposição fragmentada, mas com razoável força social, nossa estratégia era clara: fortalecer o campo popular, intensificando a participação popular e a unidade da esquerda e estabelecer, como já dito, uma aliança com o PMDB. Pouco a pouco as bases da governabilidade foram sendo erodidas a partir de um acúmulo de pequenas crises que, somadas a súbitas mudanças de orientação política confundiram tanto o povo quanto os aliados, que passaram a ter dificuldade em construir uma narrativa que explicasse a linha política preponderante do governo.

A versão difundida na sociedade passou a ser a de um governo que “não cumpria acordos”, quando na verdade fomos um governo que fazia, simultaneamente, acordos conflitantes entre si, ou que demorava demais a tomar decisões, e portanto, a pô-las em prática. Esse problema está intimamente ligado não à existência de um “núcleo duro”, mas à fragmentação e dispersão do que deveria constituir o núcleo dirigente do governo.

Muitas frentes de batalha foram abertas ao mesmo tempo, tanto no campo político, como no institucional. Na gestão o problema desta dispersão de esforços e inconstância nas prioridades se refletiu em um governo que apesar de ter batido recordes em captação de recursos para saneamento e habitação, ter inovado na ciência e tecnologia, cultura e nos programas para a juventude como o bolsa trabalho e o projovem, ter iniciado uma mudança profunda no ordenamento territorial, no apoio à agricultura familiar, na pesca e aqüicultura e na assistência social, acabou sendo visto como um governo de secretários.

Daí origina-se o nosso maior problema com a comunicação institucional: a construção tardia de marcas de governo, já que estas exigiam estabilidade nos rumos do governo.

Um legado a defender

Apesar do caráter autocrítico destas linhas, fizemos um governo que deixa um legado do qual nos orgulhamos: a constituição de uma nova base institucional que, ao unir ordenamento fundiário, zoneamento econômico e ecológico, cadastro ambiental rural e licença ambiental rural formam a base de uma revolução silenciosa no campo paraense. Garantimos investimento recorde na segurança pública, repasse fundo a fundo na saúde e reconstrução da rede física da educação. Fortalecemos o Banpará, a Cosanpa, o IASEP e a COHAB. Demos passos importantes para que a UEPA superasse uma era de desmandos e corrupção. Fizemos obras estruturantes no sistema viário da região metropolitana. Construímos uma rede pública de comunicação. Iniciamos, em parceria com o governo federal, a mudança do padrão produtivo da economia paraense, com a conquista das siderúrgicas de Marabá e dos investimentos da Petrobrás biocombustíveis na região tocantina.

Perspectivas

Negar os avanços importantes do governo Ana Julia é a estratégia da direita para esvaziar a experiência do PT, que esteve à frente de secretarias centrais para as políticas de maior visibilidade do governo, como a SEDUC, a SECULT, a SESPA, a SETRANS, a SAGRI, a SEDECT e a SETER, por exemplo.

Esta é a base sobre a qual iniciaremos nossa oposição ao governo Jatene, em parceria com os movimentos sociais, e com todos aqueles beneficiados pelas políticas públicas do governo Ana Julia.

O governador eleito já percebeu a força do PT e está montando um secretariado de forte representação política nos setores mais conservadores da sociedade paraense que sinaliza para a dimensão da disputa política que enfrentaremos nos próximos anos.

Elegemos a maior bancada da história do PT, a companheira Dilma venceu nos dois turnos no Pará e, no segundo turno, uma campanha militante mostrou que o PT entra em 2011 com plenas condições de levar adiante, via governo federal, um programa de mudança para a Amazônia e desenvolver uma vigorosa oposição ao governo Jatene.

Isso tudo exigirá um exercício de unidade partidária, a prudência na exposição pública de opinião dos pré-candidatos em 2012 e a proteção de nossas figuras públicas, particularmente da Ana Julia e do Paulo Rocha, que sofrerão intenso ataque da direita aninhada na imprensa e no governo do Pará.

BASA.


A presidência do BASA é um dos cargos mais cobiçados da região norte, menina dos olhos de governadores, ex-governadores e parlamentares. Todos querendo indicar não só a presidência como também a diretoria.

O blog teve a informação de que o ex-deputado, e antigo presidente do BASA, Anivaldo Vale, está prestes a ser nomeado para o comando do banco.

O curioso é que Anivaldo está sendo indicado por gente do próprio PT. 
 

A quem interessa a guerra dos números?


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A quem interessa a guerra dos números?

(Clique na imagem para ver a planilha do saldo encontrado pelo nosso governo em 02/jan/07)

Tenho dito no meu twitter que há contradições gritantes entres as informações sobre os números deixados pelo nosso governo e os que o atual governo afirma ter encontrado. E como são números muito divergentes, me indago a quem interessa esse crime de criar uma falsa guerra de números, dando a impressão – e entrevistas – à sociedade como se o Pará estivesse em situação calamitosa. Não está e é bom comparar como recebemos o Estado em 2007 e como deixamos, em 31 de  dezembro de 2010.

 Vejamos alguns itens, pra efeito de comparação:
  • Em 1º de janeiro de 2007, recebemos no caixa do governo R$ 181 mil. Mas o atual governo diz que deixou R$ 181 milhões. E como não corrigiu nas demais entrevistas, tendo a acreditar que o nome disso não é erro.
  •   Nesse mesmo 1º de janeiro de 2007, recebi o Estado com R$360 milhões de dívidas;
  • Deixei o governo com R$ 218 milhões, das seguintes contas: R$ 80 milhões, entre saldo da conta única e de outras contas; R$ 70 milhões de recursos do FPE (Fundo de Participação dos Estados) + R$ 68 milhões do FUNDEB, referente a dez/2010;
  •   Ou seja: deixamos em recursos 120 vezes mais pra pagar dívidas do que foi deixado em 2006 pelos tucanos;
  • Com um detalhe fundamental: quando assumimos, em 1º de janeiro de 2007, o governo tucano já havia antecipado os recursos do FUNDEB e do FPE. Já tinha utilizado esses recursos, impossibilitando que nós o utilizássemos;
  • Tenho lido entrevistas em que o atual governo afirma ter encontrado o Pará com R$ 750 milhões de dívidas. Acredito que essa matemática é da mesma matriz que equiparou 181 mil a 181 milhões de reais. Não é possível acreditar numa potoca dessas;
  • A margem de endividamento do estado é pequena (43%) e é bom lembrar que já estão negociadas com a  STN- Secretaria do Tesouro Nacional diversas operações de crédito que darão um enorme impulso ao desenvolvimento econômico e social do Estado, entre as quais: o Ação Metrópole, já iniciado pelo nosso Governo com a Arthur Bernardes, a Dalcídio Jurandir, os elevados da Júlio Cesar e já tendo garantido R$ 460 milhões junto à JICA (Japan International Cooperation Agency),que aprovou somente dois projetos no Brasil, o do Pará e o de São Paulo. Sem contar que o nosso governo já negociou os PACs saneamento, rodovias e etc.
  •  Além do que ficou em caixa e do que está negociado, tem mais de reservas: R$ 91 milhões do 366, o PEF 2 do BNDES. Dos R$ 366 milhões, utilizamos R$ 274 milhões, restando R$ 91 milhões. E mais este montante: R$ 185 do Pró-PAC; + R$ 30 milhões do FCVS que a Cohab passará como ressarcimento ao Estado. Já falei dos R$ 460 milhões do Ação Metrópole e tem centenas de milhões de convênios e recursos federais que conseguimos e que ficou para a população do Pará.
 Ou seja, dinheiro tem. Para o presente e para o futuro. Agora, é trabalhar. Sem armar palanque com falsas guerras de números. Até porque há números para todos os gostos. E fica a pergunta, já feita por famoso detetive: A quem interessa o crime de forjar números irreais? E mais: por que motivos?

Voltarei a este assunto da guerra de números.
 
 
 
FONTE: BLOG DA ANA JULIA CAREPA.

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