Publicado em Jornal O Liberal - Poder - 13/04/2014
Deputado Federal Puty
Os tucanos passaram oito anos no poder tentando, de todas as formas,
privatizar a nossa maior empresa, a Petrobras, criada em 1953 na esteira
da campanha nacionalista ‘O petróleo é nosso.’ Agora, a pretexto de
investigar supostas irregularidades na compra, pela estatal, de uma
refinaria em Pasadena (Texas) em 2006, a oposição procura enfraquecer a
imagem da empresa, uma das maiores conquistas do povo brasileiro. Essa é
a principal função da CPI pedida no Senado.
A estratégia antinacional traçada pelo Estado-Maior da oposição
conservadora e levada a cabo pelo ‘general’ Aécio Neves é mostrar que os
governos Lula e Dilma levaram a empresa à bancarrota. Entretanto, se
nos dermos ao trabalho de comparar a desastrosa gestão da Petrobras
durante a gestão FHC com os resultados obtidos por ela desde 2003,
constataremos que a atual campanha da oposição não passa de cortina de
fumaça para uma nova investida para a privatização da estatal. Tanto que
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a defender essa
medida, numa afronta à memória de seu tio, o general Felicíssimo
Cardoso, um dos líderes da campanha pela criação da Petrobras.
O fato é que as ações de FHC no poder mostram coerência do tucanato com o ideário privatista.
Em 1994, ainda como ministro da Fazenda de Itamar Franco, ele manipulou a
estrutura de preços dos derivados de petróleo de forma que, nos últimos
seis meses que antecederam a implantação do Plano Real, a Petrobras
teve aumentos de combustíveis 8% abaixo da inflação, enquanto que as
distribuidoras tiveram aumentos 32% acima da inflação. Com isso, houve
uma transferência do faturamento da Petrobras para o cartel das
distribuidoras, cerca de US$ 3 bilhões anuais. Já como presidente, FHC
pressionou a Petrobras para que ela assumisse os custos da construção do
gasoduto Brasil-Bolívia, obra que beneficiava a Enron e a Repsol, donas
das reservas de gás boliviano. Ocorre que a taxa de retorno do gasoduto
era 10% ao ano e o custo financeiro, 12%, mas a Petrobras foi obrigada a
desviar recursos da Bacia de Campos – com taxa de retorno de 80% – para
investir nesse empreendimento. A empresa também teve que assinar uma
cláusula que a obrigava a pagar pelo gás boliviano mesmo que não o
comprasse. Com isso, pagou por cerca de 10 milhões de metros cúbicos sem
ter conseguido vendê-los.
Em 1998 o governo federal impediu a Petrobras de obter empréstimos no
exterior de emitir debêntures para a obtenção de recursos para novos
investimentos. Ao mesmo tempo, FHC criou o Repetro (regime aduaneiro
especial), isenção fiscal às empresas estrangeiras que importam
equipamentos de pesquisa e lavra de petróleo, sem a devida contrapartida
para as empresas nacionais. Com isso, cinco mil empresas brasileiras
fornecedoras de equipamentos para a Petrobras quebraram, provocando
desemprego e perda de tecnologia nacional.
Em 2000, o então presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul,
levou Pelé a Nova York para o lançamento de ações da Petrobras na Bolsa
de Valores de Wall Street. O governo vendeu, então, 20% do capital total
da estatal e, posteriormente, mais 16%, pelo valor total de US$ 5
bilhões. No mesmo ano, os tucanos privatizaram a Refinaria Alberto
Pasqualini (Refap) por meio de troca de ativos com a Repsol argentina,
do grupo Santander, braço do Royal Scotland Bank Co. Nessa transação, a
Petrobras deu ativos no valor de US$ 500 milhões e recebeu ativos no
valor de US$ 500 milhões. Soma zero? Não, porque os ativos da estatal
brasileira eram avaliados em US$ 2 bilhões e os que ela recebeu passaram
a valer US$ 170 milhões, em razão da crise financeira da Argentina.
Nada simboliza melhor esse período nefasto do que o naufrágio da
plataforma P-36, com 11 mortes e prejuízos de US$ 2 bilhões.
A privatização da Petrobras foi revertida pelos governos do PT, mas
agora os demo-tucanos pensam ter encontrado o pretexto ideal para
colocá-la novamente na agenda. Para desespero da oposição, os números
representados pela estatal são a melhor arma contra a estratégia de
desmoralização. A produção média mensal de petróleo na camada de pré-sal
atingiu a marca de 387 mil barris/dia, novo recorde. A estatal também
bateu recorde de processamento de suas refinarias, com uma média de
2.151 mil barris de petróleo por dia. E também foi recorde a produção de
diesel e gasolina com baixo teor de enxofre, com 24 milhões de barris
de diesel e 14,8 milhões de barris de gasolina. Em relação ao gás
natural, a Petrobras ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 100
milhões de metros cúbicos por dia (101,1 milhões).
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