De
acordo com documento divulgado este mês pelo Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social, verifica-se uma tendência de
estabilidade nos principais indicadores da economia brasileira. As
estatísticas contrastam com um marcante pessimismo da imprensa econômica
e do grande empresariado. O que está acontecendo?
Publicado em Jornal O Liberal - Poder - 27/04/2014
Deputado Federal Puty
Os arautos do caos – a oposição neoliberal e conservadora – não param de
profetizar sobre a “tempestade perfeita” que estaria prestes a desabar
sobre a economia brasileira. Dia e noite, eles nos bombardeiam, pela
mídia, com previsões catastrofistas. Dizem que a inflação está à
espreita, que as expectativas de crescimento econômico são pífias, que o
desemprego está aumentando, as contas públicas estourando e a dívida
crescendo. Quem lê tanta notícia negativa tem razão para se assustar.
Mas, quando se olha de perto os números reais da economia, percebe-se
facilmente que estamos diante de uma situação totalmente diversa, com
estabilidade, crescimento e queda do desemprego, mesmo dentro de um
quadro de crise internacional persistente. De onde se conclui que a
questão fundamental é de natureza política, não econômica. O fato é que
os conservadores buscam interditar o debate sobre a política econômica,
classificando como “populista” qualquer desvio da ortodoxia econômica.
Vamos, então, aos números. De acordo com documento divulgado este mês
pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, verifica-se uma
tendência de estabilidade nos principais indicadores econômicos da
economia brasileira. Desde a crise financeira, o crescimento real do
Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, tem sido constante. Se
considerarmos 100 o índice de dezembro de 2007, ele apresenta uma curva
ascendente desde 2009, atingindo 117,7 no 4º trimestre de 2013. É mais
ou menos a mesma curva da Coreia do Sul. Para se ter uma ideia, o
México, que também ostenta um PIB crescente, atingiu o índice 110,2, os
EUA, 106,3. Já na a área do Euro o índice é de 97,9.
Em relação ao desemprego, podemos verificar um verdadeiro mergulho, do
pico de cerca de 13% em 2003 para 5% no final do ano passado. Segundo os
parâmetros internacionais, esse índice configura praticamente uma
situação de pleno emprego.
Já as reservas internacionais estão estabilizadas no patamar de US$ 378
bilhões desde 2012, enquanto que a dívida externa líquida ficou em - US$
92,7 no mesmo período. Quanto aos investimentos estrangeiros diretos,
desde 2011 eles estão na faixa dos US$ 66 bilhões ao ano. Podemos supor,
sem medo de errar, que se o capital externo tivesse a mesma percepção
que alguns setores do empresariado brasileiro, não se arriscaria a
continuar investindo no Brasil.
No que diz respeito à política fiscal, a redução da dívida líquida do
setor público prossegue com sua longa trajetória de queda, de 39% em
2010 para cerca de 33% do PIB em 2013. Esse resultado vem sendo obtido
em razão de um superávit primário acima da média dos países do G-20
(Grupo dos 20). Enquanto em 2013 o Brasil atingiu um superávit primário
de 1,9% do PIB, outros países do grupo tiveram déficit, como Japão
(-8,8); Reino Unido (-4,7%); EUA (-3,6%); França (-2,0%) e México
(-1,2%). Entre os que tiveram superávit primário, a Itália atingiu 2% e a
Alemanha, 1,7%.
E a inflação? Longe de estar fora de controle, a projeção para o Índice
de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) mostra que, do pico de quase 17%
em dezembro de 2002, esse índice caiu consideravelmente e vem se
mantendo estável, apesar de toda pressão, inclusive internacional, em
torno de 6%. É sempre bom lembrar que Lula recebeu de FHC uma inflação
de mais de 12% ao ano. É de se imaginar o tamanho escarcéu que a
oposição, os neoliberais e a direita fariam se, nos governos Lula e
Dilma, o IPCA chegasse perto de tal patamar.
A imagem do caos econômico ventilada pela oposição conservadora não é a
tempestade perfeita, mas uma tempestade em copo d’água – na verdade, é
uma tentativa de constranger o governo federal a abandonar os mecanismos
de política econômica voltados ao desenvolvimento econômico sustentável
e inclusivo, voltando a subordinar as ações do Estado às necessidades
do capital financeiro, principalmente especulativo.
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