Roberto Corrêa, segundo o qual a ditadura militar penalizou o Pará. |
“Nesse contexto a Amazônia, e assim o
Pará, deixaria de ser considerada mera fornecedora de produtos extrativos para
assumir o papel de fronteira econômica para reprodução do capital. Essa
política, desprovida de compromisso social, não poderia produzir outra coisa
que não o caos urbano, a pobreza, a miséria e a violência no campo e na cidade;
o cenário mais visível dessa herança maldita patrocinada pelos governos
militares. O Pará, como de resto toda a Região Norte, foi tragado pela obsessão
de um povoamento anárquico e tremendamente prejudicial ao precário equilíbrio
social até então existente.”
Esta é a leitura feita por Roberto
Corrêa sobre as repercussões do golpe militar de 1º de abril de 1964 na
Amazônia e, por extensão, no Pará. Indagado se em matéria de desenvolvimento o
estado avançou ou permaneceu patinando no subdesenvolvimento nos 21 anos do
regime dos generais, ele é incisivo. “Desenvolvimento, não. Crescimento, talvez.
A opção dos governos militares foi o crescimento econômico orientado para o
mercado, para o lucro, para a acumulação, para o enriquecimento de poucos e
miséria de muitos”, sentencia Roberto Corrêa, na entrevista concedida ao Blog do Barata, que segue
abaixo.
Do
ponto de vista sócio-econômico, qual o legado da ditadura militar em termos do
Pará? Em matéria de desenvolvimento, o estado avançou ou permaneceu patinando
no subdesenvolvimento, nos 21 anos do regime dos generais?
Desenvolvimento,
não. Crescimento, talvez. A opção dos governos militares foi o crescimento
econômico orientado para o mercado, para o lucro, para a acumulação, para o
enriquecimento de poucos e miséria de muitos; tudo isso em detrimento da ideia
de desenvolvimento econômico — conceito que, em concordância com as reformas
estruturais propostas por João Goulart e sua equipe de governo, com Celso
Furtado no Ministério do Planejamento, visava o aumento da riqueza em
simultaneidade com inclusão e equidade sociais num Brasil pronto a competir, de
forma autônoma e independente, no mercado mundial. Com o golpe militar de 1964,
um novo arranjo macroinstitucional seria adotado, tendo por suporte uma nova
coalizão de atores formada pelo que veio a ser chamado de “tríplice aliança” —
o entrelaçamento estratégico de interesses do capital nacional, multinacional e
do Estado autoritário. Um novo padrão de crescimento econômico baseado na
industrialização pesada seria, doravante, colocado em prática. Nesse contexto a
Amazônia, e assim o Pará, deixaria de ser considerada mera fornecedora de
produtos extrativos para assumir o papel de fronteira econômica para reprodução
do capital. Essa política, desprovida de compromisso social, não poderia
produzir outra coisa que não o caos urbano, a pobreza, a miséria e a violência
no campo e na cidade; o cenário mais visível dessa herança maldita patrocinada
pelos governos militares. O Pará, como de resto toda a Região Norte, foi
tragado pela obsessão de um povoamento anárquico e tremendamente prejudicial ao
precário equilíbrio social até então existente. Antes da quartelada, a economia
paraense era sustentada por conjunto de atividades como a pesca artesanal, a
bovinocultura extensiva, as lavouras de subsistência, as culturas comerciais, diamantes,
peles e couros silvestres, produtos extrativistas (castanha, borracha, balata,
etc.), além de algumas pequenas indústrias localizadas em Belém e em outros
centros urbanos, como a de fumo, sabão, perfumes, refrigerantes, calçados,
curtição de couro, madeira — eram exemplos dos negócios de pequena escala
característicos da economia regional de então. Uma rede de serviços e de
comércio se desenvolvia em Belém. Bom lembrar que o 1º Plano Quinquenal da
SPVEA destacara a importância de vincular o cooperativismo na Amazônia às
colônias agrícolas existentes, valendo-se das formas autênticas de
solidariedade — fossem essas formais, como a cooperativa, ou espontâneas. Dois
anos após o golpe, esses programas da Spevea seriam desativados, deixando os
cooperados e os pequenos e médios empresários, em sua maioria, abandonados à
própria sorte. A simbologia maior dessa época de autoritarismo político,
econômico e social, foi à desativação da Estrada de Ferro de Bragança, medida
imposta goela abaixo pelo regime militar à ingênua e subserviente elite
paraense, e que teve por consequência imediata destruição da agricultura
familiar da Zona Bragantina,responsável pela dinâmica do comércio de Castanhal,
Belém e de outros centros urbanos localizados no trajeto dessa ferrovia. Em seu
lugar; a pata do boi, com fazendas de engorda financiadas pelos bancos estatais
a juros imoralmente subsidiados, acompanhado da exploração sistêmica da força
de trabalho via o arrocho salarial e fiscal impostos aos trabalhadores rurais e
urbanos pela ditadura militar. Foi nessa época que Belém assistiu a chegada dos
camponeses expulsos de seus lotes agrícolas situados ao longo da estrada de
ferro de Bragança. De um lado, a pata do boi. Do outro, o desemprego, a
desocupação, a miséria, a violência e a prostituição passaram a assombrar Belém
e Castanhal. A partir desse evento, tem inicio a chegada dos “bandeirantes” da
segunda metade do século XX, forasteiros gaseados por incentivos fiscais e
crédito subsidiado, para ocupar com a pata do boi uma boa parte da hinterlândia
paraense, expulsando o índio, o caboclo e o pequeno agricultor de suas terras.
Esse foi, portanto, o modelo de crescimento econômico imposto pela ditadura
militar: concentração da propriedade rural, concentração de renda, com vistas a
viabilizar a distorção proposital do perfil de distribuição de renda com vistas
a criar a demanda artificial por carros, geladeiras e outros produtos da linha
branca produzidos no âmbito da “tríplice aliança”— capital nacional,
multinacional e do Estado autoritário.
Procede
a avaliação segundo a qual o Pará foi penalizado com a indiferença do poder
central, durante o regime dos generais, a despeito do estado dispor de duas
lideranças – no caso, Jarbas Passarinho e Alacid Nunes - reveladas pelo golpe
de 1ª de abril de 1964, ambas com inserção em Brasília?
Sim,
o Pará, comparativamente ao Maranhão e a outros estados, foi barbaramente
penalizado graças às desavenças entre essas duas lideranças golpistas. Prevaleceu
a mediocridade de sempre. Rivalidades do tipo Lemos versus Sodré; Barata versus
Assunção. Esse tipo de rixa moldou as disputas políticas paraenses no pós-1964,
beneficiando o tertius, neste caso,
os grupos que apostavam o retorno à democracia. Importante nesse processo foi o
esforço conjunto da esquerda e do MDB por uma aliança de transição com vistas a
produzir uma maioria no Colégio Eleitoral e, assim, eleger um presidente civil
apoiado pelas forças democráticas, comprometido com a convocação de eleições
diretas para presidente da República, como etapa a ser queimada para alcançar a
convocação de uma Constituinte que pusesse fim aos governos militares. Essa
estratégia política veio a reunir, no início dos anos 1980, Jader Barbalho e
Alacid Nunes contra os candidatos indicados pela ditadura militar: Oziel
Carneiro, para governador, e Jarbas Passarinho, para senador. Com essa aliança
as esquerdas se uniram a duras penas e, em ação conjunta com o MDB contra a
Arena, elegeram, com o apoio do então governador Alacid Nunes, Jáder Barbalho e
Hélio Gueiros, para governador e senador, respectivamente. O instrumento
institucional das esquerdas nessa mobilização veio com a criação da Frente
Democrática de Oposição, liderada por Raimundo Antônio da Costa Jinkings e pelo
poeta Ruy Paranatinga Barata. A FDO, com era então denominada, reuniu todas as
tendências de esquerda: PCB, PT, MR-8, PCdoB, etc.
Sustenta-se
em fatos a leitura segundo a qual teria faltado a Jarbas Passarinho e Alacid
Nunes, de tão absorvidos pelas disputas paroquiais, determinação política capaz
de fazê-los carrear para o Pará benefícios compatíveis com o prestígio de ambos
junto ao Palácio do Planalto, durante a ditadura militar?
Na
verdade, a briga entre os dois obedecia à boutade: farinha pouca meu pirão primeiro! Ou seja, essas lideranças
ditatoriais periféricas brigavam disputando o muito pouco de liberdade
orçamentária que o sistema autoritário centralizado concedia às unidades
federadas, principalmente para os estados da região Norte, máxime para o estado
do Pará. Ou seja, as desavenças Jarbas-Alacid eram decorrentes da pouca
importância que os mesmos tinham perante o centro decisório, o generalato e a
tecnocracia que comandava o centro estratégico dos planos de desenvolvimento regionais
da ditadura. É difícil acreditar que Jarbas Passarinho e Alacid Nunes, mesmo
que superando as divergências, pudessem influenciar o núcleo decisório da
“tríplice aliança”. O Pará, como de resto a região Norte e sua expressão legal,
a região Amazônica, estavam submetidas ás imposições dos estrategistas do
Planalto. Bom lembrar que o fim da Spevea, com a criação da Sudam, Basa e Suframa,
imprimiria um novo tipo de planejamento regional centrado em Brasília e que
teve início com a Operação Amazônia designação muito peculiar aquele momento
histórico em que a geopolítica orientava a inserção do Brasil na nova ordem
planetária, com o Estado criando incentivos e subsídios setoriais e regionais
para favorecer a transferência de capital, criando, na fronteira um novo espaço
para seu desafogo. Qual o papel dessas duas lideranças frente a um Estado
Nacional que se fez mais fortemente presente na consolidação de um modelo
integrador das economias regionais? A resposta é: nada mais do que o pasmo
seguido do balançar de cabeça e do sim,
senhor. Justiça seja feita: Alacid Nunes demonstrou ser mais sensível do
que Jarbas Passarinho às demandas pelo retorno ao Estado democrático de
direito, como, aliás, ficou demonstrada no apoio aberto a candidatura de Jader
Barbalho ao governo do estado do Pará, mesmo sabendo que com isso estava indo
contra a orientação do colegiado ditatorial sediado em Brasília.
O
porquê das lideranças que ganharam expressão com a redemocratização no Pará,
como Jader Barbalho e Almir Gabriel, não conseguiram fazer o estado avançar em
termos de conquistas capazes de efetivamente beneficiar sua população?
Não
me parece coerente aceitar que os governos de Jader Barbalho e Almir Gabriel
não tenham feito algo diferente do que os governos nomeados pela ditadura
militar. Tanto Jader Barbalho como Almir Gabriel avançaram muito no tocante ao
combate as mazelas da miséria, saúde, educação e empregabilidade. Jader fez
muito pelos territórios isolados do sul e sudeste do Pará. Prova disso é o
apoio eleitoral que Jáder desfruta nesses territórios. Os dados do IBGE, IPEA e
outras agências de pesquisas comprovam avanços sociais desses governos
comparativamente ao período ditatorial, principalmente no tocante a mortalidade
infantil, moradia, saúde, educação, distribuição de renda, emprego, etc. Ao
longo dos governos ditatoriais esses indicadores sociais caíram a níveis
assustadores, piores dos indicadores que prevaleciam no período da democracia
de 1945-1964. Nada mais do que reconhecer a emergência em Brasília de um novo
ambiente político marcado pelos rumos e caminhos que nos levariam de volta a
democracia. Bom lembrar que esses dois governos, e mais o de Hélio Gueiros,
eleitos pelo voto direto, responderam com muito esforço às demandas contidas
durante os anos de governos nomeados.
O
que justifica os índices sociais pífios legados pelos sucessivos governos do
PSDB no período de 12 anos, entre 1995 e 2006?
Sempre
faltou aos governos do PSDB um compromisso maior com o social e menos com as
políticas de arrocho fiscal advindas dos acordos com o Fundo Monetário
Internacional. Em Brasília, neoliberais, liderados por FHC, orientavam a
economia na direção de ajustes que tinham por base de sustentação o sacrifício
do social em benefício do privado. Foi nessa época que o sistema de saúde,
educação, prisional, habitacional e de transporte público entraram em descenso.
Os oito anos de governo Lula marcaram a diferença em relação às preferências
tucanas. Em resumo: enquanto os tucanos deslocam o Estado em direção aos do andar
de cima, os petistas o fazem no sentido contrário; em atenção aos mais pobres.
Como
explicar a eleição para um segundo mandato, como governador, de Simão Jatene,
notabilizado como um gestor pouco afeito às responsabilidades do cargo? A
desastrosa administração da ex-governadora petista Ana Júlia Carepa é capaz de,
por si só, justificar a eleição de Simão Jatene em 2010?
O
governo Ana Júlia Carepa teve o mérito de viabilizar um sem número de ações
importantes. Na área da saúde: Programa Saúde da Família, Rios de Saúde,
hospitais regionais, reforma da Santa Casa, etc. Na educação: o Pará sai de 16º
lugar no ranking do Enem, em 2006, para 8º lugar, em 2008; obteve sansão do
Governo Federal para a criação da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA;
criou a meia passagem intermunicipal para estudantes. Na empregabilidade, o
Projovem Urbano de capacitação profissional; o Projovem Prisional e o Bolsa
Trabalho. Na moradia, ampliou a rede de esgotamento sanitário e outros serviços
de urbanização. Em parceira com o governo federal, viabilizou programa de
construção de 17 mil casas espalhadas em vários municípios. No setor de
transporte e mobilidade urbana, o governo Ana Júlia fez a duplicação da avenida
Perimetral, recuperou e construiu rodovias, pontes e trapiches em vários
municípios, com destaque para o programa Ação Metrópole, no equacionamento do
acesso mais fácil ao centro da cidade. A pergunta, no entanto, demanda uma
criteriosa análise das realizações do governo Ana Júlia comparativamente ao governo
Simão Jatene. Para tanto seria necessário analisar, com profundidade, os dados
e informações dessas duas administrações. Como isso não é possível agora,
respondo, embora que opinativamente, ter sido o governo Ana Júlia mais dedicado
ao social do que o governo Jatene, algo que a história haverá de comprovar. A ocorrência
de Ana Júlia não ter sido reeleita deve-se, em grande parte, a forma como
alguns de seus correligionários se comportaram a quando do exercício de funções
comissionadas. Muitos deles levaram para dentro da administração pública um
tipo de comportamento muito comum às escaramuças sindicais, estudantis e
partidárias: a conhecida fofoca conspiratória das tendências. Em consequência
desse comportamento absurdo, sobressai o desrespeito à meritocracia para
assombrar a todos quanto esperavam do autodenominado governo popular, um novo tipo de relacionamento entre o público e o
privado. Como assessor da Casa Civil, presenciei casos em que o subordinado
conspirava para derrubar o seu chefe, um secretário de Estado. Fui procurado
por funcionários de carreira que se queixavam do tratamento arrogante e
desrespeitoso dispensado por nomeados do nano e do alto clero petista. Esse
tipo de comportamento contribuiu, e muito, para que a nomenclatura, os funcionários
de carreira, legitimados por suas posições no aparato público estatal,
marcassem posição contra a reeleição de Ana Júlia. Bom lembrar que o
funcionário de carreira não captura votos fazendo elogios ao governante, mas,
em compensação, destrói a imagem do governante quando, por legitimidade do
cargo conquistado via concurso público, fala mal de uma administração como,
aliás, foi o caso imerecido de Ana Júlia Carepa. De quem é a culpa por esse
desastre político? Perdoem-me. A resposta menos cruel é a que reconhece serem
os militantes afoitos e despreparados os culpados. Outras questões não menos
importantes concorreram para a derrota de Ana Júlia, entre as quais a falta de
uma imagem que impusesse a governadora no cimo da hierarquia decisória, evitando,
com isso, problemas maiores com os partidos da base aliada, sobretudo nas
eleições municipais de 2008 e na liberação das emendas de interesse dos
deputados. Nas eleições municipais de 2008, em alguns municípios importantes, a
incoerência do PT em lançar candidato a prefeito, acabou viabilizando, via
divisão de votos, a eleição de candidatos do PSDB e de outros partidos não
integrantes da base aliada. A resposta a essa insensatez viria forte em 2010.
Qual
sua avaliação sobre o cenário que se desenha para a sucessão estadual deste
ano, opondo o governador tucano Simão Jatene a Helder Barbalho, herdeiro
político do pai, o senador e ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB
no Pará e que vem sendo, nos últimos anos, o fiel da balança nas eleições
estaduais?
O
cenário político das eleições que se aproximam não tem roteiro definido até
mesmo porque não temos ainda todos os elementos necessários para avaliar os
desdobramentos da cena de partida que aos poucos está sendo anunciada. Quantos
cavalos entrarão nas porfias nacional e estadual? Ou seja, a configuração
dessas disputas ainda são rodeadas de muita especulação e pouca consistência. O
centro estratégico continuará sendo a corrida dos cavalos que buscam o prêmio
“Brasília”, onde o cavalo de Aécio Neves aparece com maior substância muscular
do que o de Eduardo Campos. Dilma Rousseff, por enquanto, montada em cavalo
puro sangue estatal, domina essa cena e, certamente, buscará compensar as
ameaças do divisionismo nordestino privilegiando alianças com o PMDB noutros
espaços geográficos e, neste caso, o Pará é o melhor exemplo. Jatene e o PSDB
no Pará vivem as agruras da escassez de recursos públicos decorrente das
políticas de renúncia fiscal do governo federal, com sérios danos às
transferências do Fundo de Participação dos Estados e Municípios. Na disputa
pelo governo do estado do Pará, o PMDB, com Helder Barbalho, promete em aliança
com o PT marchar em direção oposta às vertentes tradicionais, impondo a
revolução política geracional semelhante a que aconteceu há 32 anos, quando a
maioria dos estados elegeu governadores jovens, aposentando de vez a geração
dos 40 anos anteriores. Jader Barbalho é um exemplo daquela época. Embora muito
cedo para qualquer cálculo probabilístico, tudo leva a crer que a eleição, na
dependência de um terceiro e quarto candidato, marchará para um segundo turno
com Simão Jatene e Helder Barbalho disputando voto a voto, região por região,
município por município. Como sempre, vale a pena repetir a máxima stalinista:
um banquinho só fica em pé se contar três pernas. No caso do banquinho de
Helder, já são visíveis duas pernas: PT e PMDB. A terceira virá com o voto útil
de muitos partidos situado fora da influência tucana e que gravitam em torno do
PMDB e do PT. No caso de Jatene, por enquanto, contamos malmente com uma perna,
a do PSDB, muito pouco consistente, sobretudo no que diz respeito a moral da
tropa. A candidatura de Duciomar Costa, por enquanto, é mera especulação. Há
reações extremadas a essa candidatura no jardim secreto petebista.
Até
onde o estigma de corrupto que aderiu a Jader Barbalho pode conspirar contra a
candidatura de Helder Barbalho, pela própria condição deste de herdeiro
político do pai? Esse estigma e a massiva propaganda enganosa veiculada pelo
governo serão suficientes para minimizar a nódoa de gestor indolente que
acompanha Simão Jatene desde o seu primeiro mandato como governador?
Se
este suposto estigma vier a ser usado na campanha, o efeito poderá vir a ser
contrário às intenções de seus autores. Caso isso venha a acontecer, os tucanos
poderão sofrer muito com o escarafunchar de velhas e novas historietas não
muito benéficas para quem busca a reeleição. É provável que nos acertos de
bastidores essas questões sejam evitadas pelos marqueteiros, até mesmo porque
vem crescendo no eleitorado a repulsa às campanhas eleitorais pautadas em
escândalos e no baixo nível. O eleitor médio quer saber o que cada um dos
candidatos pensa fazer pelo bem do Pará e do seu povo. As enquetes comprovam
essa postura do cidadão eleitor.
A
resistência de setores do partido, diante da coligação com o PMDB, permite
entrever o risco de Helder Barbalho ser cristianizado por parcela dos petistas,
a exemplo do que ocorreu em 2002, quando a deputada Elcione Barbalho teve sua
candidatura ao Senado boicotada por segmentos do PT?
Não acredito que uma aliança aprovada por mais de 70% dos delegados na recente convenção petista não venha a ter resultados práticos, até mesmo porque posturas desse tipo acarretariam sérios prejuízos à chapa ao Senado, com a qual o PT pretende eleger Paulo Rocha e, até mesmo, a reeleição de Dilma Rousseff. Em relação ao absurdo da estratégia petista em 2002, quando a fração sindical petista optou por Duciomar Costa para o Senado, antevendo, com isso, ser ele o adversário preferencial do PT nas eleições municipais de 2004. A resposta viria em duas etapas. A primeira, em 2004, nas eleições a prefeitura de Belém, com Ana Júlia sendo derrotada,em pleito de segundo turno, por Duciomar Costa. Óbvio que a força maior de reação ao nome de Ana Júlia veio do PMDB que havia conquistado 10% dos votos no primeiro turno com a candidatura Hélio Gueiros. Esses votos foram a contragosto para Duciomar, como forma de punir a irresponsabilidade petista de 2002 em prejudicar Elcione Barbalho. A segunda etapa dessa lição de política viria com a altivez de Jáder Barbalho ao indicar ao presidente Lula o nome de Ana Júlia Carepa para ser a candidata ao governo do estado do Pará nas eleições de 2006, mesmo que a contragosto de grande parte das lideranças peemedebistas. O PMDB nessa eleição marcou diferença ao contribuir para a vitória da candidata petista no 2º turno. Espero, sinceramente, que tenham aprendido.
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