Foto: Bruno Carachesti
Invisíveis, excluídos, repugnados e, às vezes, até encarados como uma ameaça à sociedade. Crianças e adolescentes moradores de rua fazem parte de uma lógica cruel da realidade urbana no centro da capital paraense, cujos direitos são roubados sem que ao menos saibam que os possuem.
Mapear estes espaços, identificar essas crianças e adolescentes e descobrir o perfil destes cidadãos é o objetivo da campanha nacional “Criança não é de rua”, lançada nesta segunda (19), no Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca-PA). Trata-se de um esforço nacional de enfrentamento às situações de “moradia” de crianças e adolescentes de rua.
De acordo com o secretário executivo da campanha, Manoel Torquato, com este material em mãos será possível cobrar do poder público políticas efetivas. “É preciso recuperar o monitoramento destas pessoas, assim como era realizado anos atrás. Aqui em Belém, como em outras capitais brasileiras, não há dados atualizados sobre esta situação. O último é de 2004, na época existiam mais de três mil crianças vivendo nas ruas da cidade”, comentou. Em Belém, mais de 10 entidades já aderiram à campanha, somando com as outras capitais são mais de 600 entidades envolvidas no projeto.
A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ana Célia Cruz de Oliveira, assumiu, durante o evento, o compromisso de fomentar o debate na capital paraense. “É verdade que não há políticas que efetivamente trabalhem a questão das crianças moradoras de rua. É preciso que se abra um diálogo com o governo federal, para juntos construirmos um projeto neste sentido”, admitiu.
CAMPANHA
Em 2010, após percorrer todas as capitais brasileiras, a campanha realizou o I Seminário Nacional, que elaborou um documento com 26 propostas de melhoria de vida para essas pessoas, como forma de subsidiar e incentivar a temática em questão. Este ano, o projeto inicia a implementação de uma delas: a apresentação do Observatório Nacional Criança Não é de Rua, uma plataforma digital que objetiva construir um diagnóstico nacional sobre a situação de crianças e adolescentes de rua no Brasil, possibilitando desta forma a elaboração de programas mais específicos para assegurar seus direitos.
A campanha incentiva o diálogo sobre a importância da aproximação feita pelos educadores sociais na rua, da convivência familiar e comunitária, dos espaços de acolhimento governamentais e não-governamentais. Além de políticas públicas, financiamento governamental, e tecnologias sociais que envolvem as crianças e os adolescentes em situação de moradia nas ruas.
Fonte: Diário do Pará
Nenhum comentário:
Postar um comentário